quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A Comunhão Espiritual


 
Quantas vezes o desejo de receber a Eucaristia invade nosso coração em momentos que não nos é possível fazê-lo! Esse anseio era comum na vida de muitos santos e pode ser atendido de forma simples e eficaz: através da Comunhão Espiritual! Leia o texto abaixo e veja quanta riqueza a Igreja nos oferece. 
 
I ‑ SEGUNDO PE. ANTÔNIO ROYO MARIN
 
l ‑ Noção.
Com o nome de Comunhão Espiritual entende‑se o piedoso desejo de receber a Eucaristia quando não se pode recebê‑la sacramentalmente.
“De duas maneiras ‑ adverte São Tomás ‑ pode‑se receber espiritualmente a Cristo. Uma em seu estado natural, e desta maneira a recebem espiritualmente os Anjos, enquanto unidos a Ele pela fruição da caridade perfeita e da clara visão, e não com a fé, como nós estamos unidos aqui (na Terra) a Ele. Este pão esperamos receber, também nós, na glória.
“Outra maneira de recebê‑Lo espiritualmente é enquanto contido sob as espécies sacramentais, crendo n'Ele e desejando recebê‑Lo sacramentalmente. E isto não só é comer espiritualmente a Cristo, mas também receber espiritualmente o sacramento.” (III, 80, 2).
Das palavras finais do Doutor Angélico, deduz‑se que a Comunhão Espiritual nos traz, de certo modo, o fruto espiritual da própria Eucaristia recebida sacramentalmente, ainda que não seja ex opere operato, mas unicamente ex opere operantis.
 
2 ‑ Excelência.
Pela noção que acabamos de dar, já se pode vislumbrar a grande excelência da Comunhão Espiritual. Foi recomendada vivamente pelo Concílio de Trento (D 881) e tem sido praticada por todos os santos com grande proveito espiritual.
Sem dúvida, constitui uma fonte ubérrima de graças para quem a pratique fervorosa e freqüentemente. Mais ainda: pode ocorrer que com uma Comunhão Espiritual muito fervorosa receba‑se maior quantidade de graças do que com uma Comunhão Sacramental recebida com pouca devoção. Com a vantagem de que a Comunhão Sacramental não pode receber‑se mais do que uma só vez por dia, e a Espiritual pode repetir‑se muitas vezes.
 
3 ‑ Modo de fazê‑la.
Não se prescreve nenhuma fórmula determinada nem é preciso recitar nenhuma oração vocal. Basta um ato interior pelo qual se deseje receber a Eucaristia. É conveniente, sem embargo, que abarque três atos distintos, ainda que seja brevissimamente:
a) Um ato de Fé, pelo qual renovamos nossa firme convicção da presença real de Cristo na Eucaristia. É excelente preparação para comungar espiritual ou sacramentalmente.
b) Um ato de desejo de receber sacramentalmente a Cristo e de unir‑se intimamente com Ele. Neste desejo consiste formalmente a Comunhão Espiritual.
c) Uma petição fervorosa, pedindo ao Senhor que nos conceda espiritualmente os mesmos frutos e graças que nos outorgaria a Eucaristia realmente recebida.
 
4 ‑ Advertências.


1) A Comunhão Espiritual ‑ como já dissemos ‑ pode repetir‑se muitas vezes por dia. Pode fazer‑se na igreja ou fora dela, a qualquer hora do dia ou da noite, antes ou depois das refeições.
2) Todos os que não comungam sacramentalmente deveriam fazê‑lo ao menos espiritualmente ao ouvir a santa Missa. O momento mais oportuno é, naturalmente, aquele em que comunga o sacerdote.
3) Os que estão em pecado mortal devem fazer um ato prévio de contrição se querem receber o fruto da Comunhão Espiritual. Do contrário, para nada lhes aproveitaria, e seria até uma irreverência, se bem que não um sacrilégio.
 
(Pe. Antonio Royo Marin OP, Teología Moral para Seglares ‑ Los Sacramentos, BAC, Madrid, 1984, pp. 245 a 247. Com licencia del Arzobispado de Madrid‑Alcalá, 3/2/1984.)

 


 
II ‑ SEGUNDO SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

 
 
Como, em cada uma das visitas ao Santíssimo Sacramento que vêm a seguir, recomendamos a Comunhão Espiritual, é bom explicar no que consiste e quais são suas vantagens. A Comunhão Espiritual consiste, segundo São Tomás (P. 3, q. 80, a. 1), num desejo ardente de receber a Jesus Cristo sacramentalmente, e numa adesão amorosa como se já O tivéssemos recebido.
Santo Afonso Maria de Ligório
Que este exercício seja agradável a Deus, e que venham dele grandes graças, o mesmo Senhor deu a entender a sua serva fiel, a irmã Paula Maresca, fundadora do mosteiro de Santa Catarina de Siena, em Nápoles. Ele a fez ver, segundo é relatado na vida dela, dois vasos preciosos, um de ouro e outro de prata, dizendo‑lhe que Ele guardava no vaso de ouro suas Comunhões Sacramentais e no vaso de prata suas Comunhões Espirituais. Também disse o Senhor à Bem‑aventurada Joana da Cruz, que cada vez que ela comungava espiritualmente, recebia uma graça semelhante à de uma Comunhão real. Quanto ao resto, basta saber que o Concílio de Trento (sess. 13, cap. 8) louva a Comunhão Espiritual, e exorta aos fiéis a praticá‑la.
Assim, todas as almas piedosas têm o costume de repetir freqüentemente este santo exercício da Comunhão Espiritual: a Bem‑aventurada Augusta da Cruz fazia duzentas por dia. O padre Pedro Lefebvre, primeiro companheiro de Santo Inácio, dizia que a Comunhão Espiritual ajuda muito a bem fazer a Comunhão Sacramental.
Exortamos a quem quiser avançar no amor de Jesus Cristo, a fazer a Comunhão Espiritual ao menos uma vez em cada visita ao Santíssimo Sacramento e em cada Missa a que ele assiste; melhor seria repeti‑la três vezes em cada uma dessas ocasiões, no começo, no meio, e no fim. É uma devoção muito mais proveitosa do que alguns imaginam; e de outro lado, é tão fácil: a mesma Bem‑aventurada Joana da Cruz dizia que é possível comungar espiritualmente sem que ninguém perceba, sem que seja preciso estar em jejum (...) e pode ser feita a qualquer hora: basta um ato de amor.
(Santo Afonso Maria de Ligório, “Visites au Saint Sacrament et à la Sainte Vierge”, in Oeuvres Complètes, t. VI, Tournai, 1882, pp. 113‑114, Imprimatur : A. P. V. Descamps, Vic. Gen. Tornaci, 15/8/1860.)

                                                                   * * *


ORAÇÃO:

 

 

Comunhão Espiritual
                   Ó meu Jesus, creio firmemente que estais presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade no Santíssimo Sacramento do Altar. Creio porque Vós o dissestes, e espero de Vossa infinita Bondade todos os bens e graças que generosamente dais aos que vos recebem com viva fé e inteira confiança.
                   Adoro-Vos, Senhor, na Sagrada Hóstia. Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizei uma só palavra e minha alma será salva. Uma vez que atendeste a meu pedido e viestes a mim, tomai inteira conta e posse de mim. Eu vos abraço Senhor, e vos imploro: nunca mais me abandoneis e não permitais que eu vos abandone! Se necessário for, tirai-me a vida, mas pecar para vos ofender, eu não quero jamais! Eu ofereço esta comunhão na intenção de...
 

 
Adendo:

Santo Cura d'Ars: “A Comunhão Espiritual faz à alma, como um sopro sobre o fogo coberto de cinzas e prestes a extinguir-se". "Quando sentirmos enfraquecer o amor de Deus no nosso coração, corramos à Comunhão Espiritual”.

           

Santa Teresa: “Se nos unirmos pelo desejo à Eucaristia que é o foco do amor, é suficiente alguns instantes para possuirmos um calor divino, que pode durar várias horas.”(citações extraídas do livro “A Vida Interior”, do Pe. Léon Dehon S.C.J, Editora S.C.J., Taubaté‑SP, com Imprimatur do Sr. Bispo Diocesano de Taubaté, em 16 de abril de 1946).
 
 
 

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