É deveras
conhecido o fato de que Deus deixou sua “impressão digital” na multidão de
seres que nos cerca.
São Tomás de Aquino — “o mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios” — alude a este fato várias vezes em sua conhecida Suma Teológica qualificando de “vestígios” que Deus Criador deixou na criação. (1)
O Mons. João Clá, Fundador dos Arautos do
Evangelho, aborda este tema aplicando-o especialmente ao amor de Deus por cada
um de nós. Utiliza para tal a figura… bem deixemos a palavra com o próprio
Monsenhor .
DEUS NOS PROTEGE E ENSINA
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
Inegável é a força de expressividade do reino
animal para o homem, sobretudo quando oferece à sua análise circunstâncias que
lembram situações e pequenos fatos da vida humana. Tais atrativos da fauna, tão
habituais nas regiões campestres, despertam particular atenção quando colocam
em evidência um dos seus mais ricos e vigorosos predicados: o instinto materno.
Manifesta-se este não só no zelo pela alimentação e proteção dos filhotes, como
também no cuidado de prepará-los para lhes permitir sobreviver em meio às
vicissitudes da existência.
Não há quem, transitando por alguma rua de terra
numa localidade rural, não tenha visto a característica cena: uma galinha
cruzando o caminho, seguida por um de seus pintainhos. Enquanto o pequenino
tenta, com não pouco esforço, acompanhar a mãe — pois a desproporção entre
ambos obriga-o a dar vários passos para percorrer a distância que a galinha transpõe
com apenas um —, ela parece ignorar os apuros do filhote, em virtude da
velocidade de seu deslocamento. Mas, na verdade, está tão atenta à cria que, se
perceber qualquer sinal de ameaça, sua reação para defendê-la será imediata e
enérgica, mostrando-se disposta a dar a própria vida, se necessário for, para
resguardá-la do perigo.
Ora, o instinto materno — muito mais profundo no
gênero humano — é um tênue reflexo dos desvelos d’Aquele que, além de Criador,
quis estreitar seu relacionamento com o homem, elevando-o à condição de filho,
ao fazê-lo partícipe de sua própria vida divina pela graça, como exclama São
João: “Olhai que amor teve o Pai para nos chamar filhos de Deus, e nós o
somos!” (I Jo 3, 1).
Como verdadeiro Pai, o Altíssimo não cessa de
proteger, amparar e atrair a Si todas as criaturas humanas, velando
continuamente por elas. E, excedendo de modo infinito os cuidados empregados
pela mãe ao predispor os filhos para bem enfrentar a vida, o Divino Didata
conduz os homens — por meio de processos tão diversos quanto o são as almas — à
realização da vocação específica que sua Sabedoria outorga a cada um. (2).
(1) SÃO TOMÁS DE AQUINO, Suma
Teológica, Parte I, artigo “De Deus criador”, Distrib. Loyola, São Paulo, 2001,
vol. 1.
(2) MONS. JOÃO SCOGNAMIGLIO CLÁ
DIAS, EP, O inédito dos Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2012, p.
61-62. Publicado também na revista “Arautos do Evangelho”, nº 134, fevereiro de
2013, p. 10-17
(Extraído do site dos Arautos do Evangelho)
(Extraído do site dos Arautos do Evangelho)