Nem todos os católicos conhecem a fundo essa obra-prima dos
cuidados maternais da Igreja para cada um de seus filhos.

Sempre se esforçou para ganhar o maior
número possível de indulgências... por isto foi para o Céu, logo após a morte,
sem passar pelo terrível fogo do Purgatório!
Não é isto o que todos nós também queremos?
Pois, então, imitemos o exemplo dessa boa religiosa.
A pena temporal
Todos os homens, nesta vida terrena,
cometem pecados. “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós
mesmos, e a verdade não está em nós”, diz o Apóstolo São João (1Jo 1,8).
Portanto, todos têm penas a pagar, neste mundo ou após a morte.
Quando o pecado é mortal, a pena devida
é a condenação eterna ao fogo do inferno. A Confissão bem feita não só apaga a
grave ofensa feita a Deus, mas também livra o pecador da pena eterna.
Não o livra, porém da pena temporal.
Ele deverá fazer uma expiação para purificar sua alma das sequelas do pecado,
reparar pela glória de Deus ofendida, restaurar os danos causados à sociedade e
à integridade da ordem universal.
Dá-se a essa expiação o nome de pena
temporal, porque ela é limitada por um
tempo, ou seja, não é eterna. O pecador a cumprirá, ou voluntariamente nesta
terra, por penitências e boas obras, ou pelos sofrimentos purificadores do
Purgatório, fixados para cada alma segundo a justíssima e santíssima Sabedoria
divina.
Perdão da pena temporal
Aqui entra a importância das
indulgências. Elas redimem, isto é, apagam a pena temporal devida pelos pecados mortais já
perdoados na Confissão, e pelos pecados veniais. O homem que morre em estado de
graça e tenha recebido uma indulgência plenária, vai diretamente para o Céu,
sem passar pelo Purgatório.
Elas
constituem, pois, um dom de Deus, pelo qual Ele manifesta a plenitude de sua
misericórdia. Basta estarmos em estado de graça, para a Igreja, nossa Mãe,
confiar-nos esta chave do seu tesouro, chamada indulgência. Com ela, podemos,
por assim dizer, “sacar” nos depósitos dos méritos infinitos de Jesus Cristo —
aos quais se acrescem os da Santíssima Virgem e os de todos os Santos — para
quitarmos não só nossas próprias dívidas para com Deus, como também as das almas do
Purgatório.
Há duas categorias de indulgências: a plenária
redime a totalidade das penas temporais devidas por uma alma; a parcial
redime apenas parte dessas penas.
Qual
o tamanho dessa parte? Depende da piedade de cada alma em questão. Eis o que
diz o Manual das Indulgências, publicado pela CNBB: “O fiel que, ao
menos com o coração contrito, faz uma obra enriquecida
de indulgência parcial, com o auxílio da Igreja, alcança o perdão da pena
temporal, no mesmo valor ao que ele próprio já ganha com sua ação”. Ou seja, em outros termos, quando alguém pratica
um ato piedoso ou reza uma oração, Deus lhe concede a remissão de
uma certa parte de suas penas temporais. Se esse ato ou essa
oração é enriquecido pela Igreja de indulgência parcial, Deus dobra o
valor da remissão concedida.
Então, quanto mais fervor houver na oração,
maior será a parte da pena redimida.
Cuidados maternais da Igreja
Pondo à disposição dos fiéis o
tesouro inexaurível das indulgências, a Santa Igreja tem por objetivo facilitar
a todos a entrada no Reino dos Céus, para viverem eternamente felizes, no convívio
com a Virgem Maria, os Anjos e Santos.
E ela faz isso com zelo materno e sabedoria
divina. Pois, por um lado, nos oferece inúmeros recursos para diminuir o prazo
da pena temporal. Por outro lado, ela leva os fiéis a, para obter as
indulgências, praticar atos de Fé, Esperança e Caridade, rezar, frequentar os
Sacramentos, socorrer os carentes e necessitados de bens materiais e espirituais.
Todas essas são obras pelas quais o homem
avança na via da santificação pessoal e ajunta para si um tesouro no Céu.
Assim, as indulgências são uma obra-prima dos cuidados maternais da Igreja para
todos os seus filhos.
Que cada um saiba tirar desse
carinho de mãe todo o proveito para sua própria salvação e a de seus entes
queridos!
E também para nossos irmãos da Igreja
Padecente. Qualquer indulgência pode ser aplicada em benefício das almas do
Purgatório. E, ninguém pratica a virtude da gratidão como elas.
Se rezamos ou fazemos sacrifícios por
essas almas, depois elas intercedem por nós com especial empenho junto
a Deus.
Condições para ganhar indulgências
Para alguém ser capaz de lucrar
qualquer indulgência — plenária ou parcial — é indispensável ser batizado, não estar excomungado, e encontrar-se em estado de graça.
Precisa também ter intenção, ao menos
genérica, de ganhá-la, e deve praticar o ato prescrito para tal.
Mãe extremamente dadivosa, a Santa Igreja
põe à disposição dos fiéis um grande número de atos enriquecidos de
indulgência, tanto plenária quanto parcial. Abaixo, estão relacionados os mais
comuns, aqueles mais fáceis de praticar no dia-a-dia de qualquer pessoa. O
leitor que desejar a relação completa pode consultar o Manual das Indulgências,
à venda nas livrarias católicas.
Plenária
Pode-se ganhá-la apenas uma vez em
cada dia; só em artigo de morte é possível lucrar mais uma no mesmo dia.
Para receber uma indulgência
plenária, é preciso, além das condições gerais mencionadas acima, confessar-se,
comungar e rezar nas intenções do Sumo Pontífice.
Uma confissão vale para várias
indulgências, cada comunhão vale apenas para uma. Convém que a comunhão e a
oração sejam no mesmo dia, mas podem ser em dias diferentes, tanto antes quanto
depois da execução da obra prescrita.
São as seguintes as “obras
prescritas” mais comuns:
2 –
Leitura espiritual da Sagrada Escritura, pelo menos por meia hora.
3 –
Exercício da Via-Sacra, quando feito piedosamente, percorrendo as 14 estações
do caminho do Calvário legitimamente eretas.
4 –
Recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório, na família, na
comunidade religiosa ou numa piedosa associação.
5 –
Receber com piedade e devoção a bênção dada pelo Sumo Pontífice a Roma e ao
mundo; é válida a bênção recebida por rádio ou televisão.
Além desses, há mais de vinte outros
atos enriquecidos com indulgência plenária, quando praticados em determinados dias
ou circunstâncias. Por exemplo, dia de Finados, na primeira Missa de um
sacerdote, etc.
Parcial
Dentro das condições gerais
descritas acima, o fiel lucrará indulgência parcial toda vez que, estando ao menos de coração contrito,
rezar a oração ou executar a ação indulgenciada.
Pode-se, portanto, lucrá-la um
número indeterminado de vezes ao dia, dependendo apenas do empenho de cada
fiel.
Ganha indulgência
parcial:

2 –
Quem, levado pelo espírito de fé, e com o coração misericordioso, faz um
sacrifício no serviço dos irmãos
que sofrem falta do necessário.
Assim, dar alimento ou roupa a um pobre, visitar um doente, consolar os que sofrem, ensinar
alguém a rezar, reconduzir às atividades paroquiais algum católico
não-praticante — todos esses atos são exemplos de boa obra no serviço dos
irmãos necessitados.
3 –
Quem se abstém de coisa lícita e agradável, em espírito espontâneo de
penitência. Podem ser atos simples, como deixar de comer uma fruta, etc.
4 –
Há também um grande número de orações e atos enriquecidos com indulgência
parcial: todas as ladainhas aprovadas pela autoridade competente, o Creio em
Deus, o Magnificat, a Salve Rainha, o Lembrai-Vos, o Salmo 50 (Senhor, tem
piedade), o sinal da cruz, a comunhão espiritual, etc.
Lucra ainda indulgência parcial o fiel
que usa objetos de piedade (rosário, crucifixo, escapulário, medalha) bentos
por qualquer sacerdote ou diácono.
Severiano
Antonio de Oliveira
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