Quantas vezes o desejo de receber a Eucaristia invade nosso coração em momentos que não nos é possível fazê-lo! Esse anseio era comum na vida de muitos santos e pode ser atendido de forma simples e eficaz: através da Comunhão Espiritual! Leia o texto abaixo e veja quanta riqueza a Igreja nos oferece.
I
‑ SEGUNDO PE. ANTÔNIO ROYO MARIN
l
‑ Noção.
Com
o nome de Comunhão Espiritual entende‑se o piedoso desejo de receber a
Eucaristia quando não se pode recebê‑la sacramentalmente.

“Outra
maneira de recebê‑Lo espiritualmente é enquanto contido sob as espécies
sacramentais, crendo n'Ele e desejando recebê‑Lo sacramentalmente. E isto não
só é comer espiritualmente a Cristo, mas também receber espiritualmente o
sacramento.” (III, 80, 2).
Das
palavras finais do Doutor Angélico, deduz‑se que a Comunhão Espiritual nos
traz, de certo modo, o fruto espiritual da própria Eucaristia recebida
sacramentalmente, ainda que não seja ex opere operato, mas unicamente ex
opere operantis.
2
‑ Excelência.
Pela
noção que acabamos de dar, já se pode vislumbrar a grande excelência da
Comunhão Espiritual. Foi recomendada vivamente pelo Concílio de Trento (D 881)
e tem sido praticada por todos os santos com grande proveito espiritual.
Sem
dúvida, constitui uma fonte ubérrima de graças para quem a pratique fervorosa e
freqüentemente. Mais ainda: pode ocorrer que com uma Comunhão Espiritual muito
fervorosa receba‑se maior quantidade de graças do que com uma Comunhão
Sacramental recebida com pouca devoção. Com a vantagem de que a Comunhão
Sacramental não pode receber‑se mais do que uma só vez por dia, e a Espiritual
pode repetir‑se muitas vezes.
Não
se prescreve nenhuma fórmula determinada nem é preciso recitar nenhuma oração
vocal. Basta um ato interior pelo qual se deseje receber a Eucaristia. É
conveniente, sem embargo, que abarque três atos distintos, ainda que seja
brevissimamente:
a) Um
ato de Fé, pelo qual renovamos nossa firme convicção da presença real de
Cristo na Eucaristia. É excelente preparação para comungar espiritual ou
sacramentalmente.
b) Um
ato de desejo de receber sacramentalmente a Cristo e de unir‑se intimamente
com Ele. Neste desejo consiste formalmente a Comunhão Espiritual.
c) Uma
petição fervorosa, pedindo ao Senhor que nos conceda espiritualmente os
mesmos frutos e graças que nos outorgaria a Eucaristia realmente recebida.
4
‑ Advertências.
1) A
Comunhão Espiritual ‑ como já dissemos ‑ pode repetir‑se muitas vezes por dia.
Pode fazer‑se na igreja ou fora dela, a qualquer hora do dia ou da noite, antes
ou depois das refeições.
2)
Todos os que não comungam sacramentalmente deveriam fazê‑lo ao menos
espiritualmente ao ouvir a santa Missa. O momento mais oportuno é,
naturalmente, aquele em que comunga o sacerdote.
3)
Os que estão em pecado mortal devem fazer um ato prévio de contrição se querem
receber o fruto da Comunhão Espiritual. Do contrário, para nada lhes
aproveitaria, e seria até uma irreverência, se bem que não um sacrilégio.
(Pe.
Antonio Royo Marin OP, Teología Moral para Seglares ‑ Los Sacramentos, BAC,
Madrid, 1984, pp. 245 a 247. Com licencia del Arzobispado de Madrid‑Alcalá,
3/2/1984.)
II ‑ SEGUNDO SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO
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Santo Afonso Maria de Ligório |
Que
este exercício seja agradável a Deus, e que venham dele grandes graças, o mesmo
Senhor deu a entender a sua serva fiel, a irmã Paula Maresca, fundadora do
mosteiro de Santa Catarina de Siena, em Nápoles. Ele a fez ver, segundo é
relatado na vida dela, dois vasos preciosos, um de ouro e outro de prata,
dizendo‑lhe que Ele guardava no vaso de ouro suas Comunhões Sacramentais e no
vaso de prata suas Comunhões Espirituais. Também disse o Senhor à Bem‑aventurada
Joana da Cruz, que cada vez que ela comungava espiritualmente, recebia uma
graça semelhante à de uma Comunhão real. Quanto ao resto, basta saber que o
Concílio de Trento (sess. 13, cap. 8) louva a Comunhão Espiritual, e exorta aos
fiéis a praticá‑la.
Assim,
todas as almas piedosas têm o costume de repetir freqüentemente este santo
exercício da Comunhão Espiritual: a Bem‑aventurada Augusta da Cruz fazia
duzentas por dia. O padre Pedro Lefebvre, primeiro companheiro de Santo Inácio,
dizia que a Comunhão Espiritual ajuda muito a bem fazer a Comunhão Sacramental.
Exortamos
a quem quiser avançar no amor de Jesus Cristo, a fazer a Comunhão Espiritual ao
menos uma vez em cada visita ao Santíssimo Sacramento e em cada Missa a que ele
assiste; melhor seria repeti‑la três vezes em cada uma dessas ocasiões, no
começo, no meio, e no fim. É uma devoção muito mais proveitosa do que alguns
imaginam; e de outro lado, é tão fácil: a mesma Bem‑aventurada Joana da Cruz
dizia que é possível comungar espiritualmente sem que ninguém perceba, sem que
seja preciso estar em jejum (...) e pode ser feita a qualquer hora: basta um
ato de amor.
(Santo
Afonso Maria de Ligório, “Visites au Saint Sacrament et à la Sainte Vierge”, in
Oeuvres Complètes, t. VI, Tournai, 1882, pp. 113‑114, Imprimatur : A. P. V.
Descamps, Vic. Gen. Tornaci, 15/8/1860.)
*
* *
ORAÇÃO:
Comunhão Espiritual
Ó meu Jesus, creio
firmemente que estais presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade no Santíssimo
Sacramento do Altar. Creio porque Vós o dissestes, e espero de Vossa infinita
Bondade todos os bens e graças que generosamente dais aos que vos recebem com
viva fé e inteira confiança.
Adoro-Vos, Senhor, na Sagrada
Hóstia. Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizei uma só
palavra e minha alma será salva. Uma vez que atendeste a meu pedido e viestes a
mim, tomai inteira conta e posse de mim. Eu vos abraço Senhor, e vos imploro:
nunca mais me abandoneis e não permitais que eu vos abandone! Se necessário
for, tirai-me a vida, mas pecar para vos ofender, eu não quero jamais! Eu ofereço
esta comunhão na intenção de...
Adendo:
Santo Cura d'Ars: “A Comunhão Espiritual faz à alma, como um sopro sobre o fogo coberto de cinzas e prestes a extinguir-se". "Quando sentirmos enfraquecer o amor de Deus no nosso coração, corramos à Comunhão Espiritual”.
Santa
Teresa: “Se
nos unirmos pelo desejo à Eucaristia que é o foco do amor, é suficiente alguns
instantes para possuirmos um calor divino, que pode durar várias
horas.”(citações extraídas do livro “A Vida Interior”, do Pe. Léon Dehon S.C.J,
Editora S.C.J., Taubaté‑SP, com Imprimatur do Sr. Bispo Diocesano de Taubaté,
em 16 de abril de 1946).
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