"Maria, semelhantemente a seu Filho, uma vez vencida
a morte, foi levada em corpo e alma à glória celeste, onde, Rainha, refulge à
direita de seu Filho, o imortal Rei dos séculos."
(Pio
XII, Constituição Apostólica 'Munificentissimus Deus')
Após a subida
de Jesus aos Céus, Maria devia passar ainda muitos anos na Terra.
Sem a presença
visível de seu Divino Filho, Nossa Senhora devia exercer junto à Igreja
recém-nascida, o papel de Mãe, que lhe havia confiado o Salvador. Era na
Eucaristia que Ela encontrava consolação para as saudades enorme que sentia,
desejando ardentemente reve-Lo. Quanto
mais se prolongava o exílio, mais aumentava o ardor de seus desejos! Soou, por
fim a hora da bendita alegria e do triunfo, em que o próprio Divino Mestre veio
buscá-la, para coroá-la nos Céus. Assim, a santa Mãe de Deus, por singular
privilégio, subiu aos céus em corpo e alma. Esta extraordinária glorificação de
Maria Santíssima, que a Igreja celebra no dia 15 de agosto.
Na festa da
Assunção de Maria, vamos antes analisar o que é subir ao céu, o que é estar no
céu em corpo e alma.
Deus em sua
infinita misericórdia e bondade nos criou a fim de alcançarmos a eterna
felicidade, ou seja, aquela que o próprio Deus goza. Mas quem sabe exatamente o
que é esta palavra tão usada, conhecida e propagada = felicidade?
O mesmo se
diria da agulha se ela tivesse inteligência, já no momento quando o fio
passasse no pequeno orifício e começasse a costurar a roupa, ia se completando
a felicidade.
O mesmo se
daria no mundo vegetal ou animal. Por exemplo, uma rosa, ela se pudesse,
sentir-se-ia felicíssima quando fosse colhida e levada para o jarro, a fim de
adornar uma mesa, um oratório, ou melhor ainda, uma capela. Quer dizer, a
felicidade se dá, quando a finalidade para a qual aquele se realiza.
Todo ser
humano foi criado para Deus, e é somente quando cumpre essa finalidade, na sua
plenitude, é que alcança a verdadeira felicidade. Fomos criados para atingir
esse objetivo e subir ao céu, como nossa Mãe e aí gozar da visão beatífica.
Assunta
ao Céu: a suprema beleza de Maria
Vamos
esclarecer alguns pontos à propósito deste mistério:
Porque a Jesus
compete ter criado as forças para ascender ao céu, por isso se aplica a Ele o
termo ascensão. Enquanto que com a Virgem Maria, a sua força depende da do
Criador, está sujeita a Deus.
2 - Por outro
lado é freqüente aparecer nas pinturas, esculturas representando Nossa Senhora
sendo levada pelos anjos, quando subiu gloriosamente aos céus. Ora, há um
inconveniente nessas representações, pois dão a entender que Ela não teria
forças, por si só, para erguer-se ao céu; o que não é verdade. A teologia nos
explica que Ela subiu por suas próprias forças, e não sustentada pelos Anjos.
Então, dizemos
ter Maria, nossa Mãe, subido com sua própria força, porque a partir do momento
em que se entra na visão de Deus, a alma unindo-se ao corpo, este se torna glorioso.
É uma conseqüência inevitável. A glória do corpo vem da glória da alma, pois a
alma é a forma do corpo, explica a teologia.
3 - Nossa Senhora subiu ao Céu com corpo glorioso. Este tem qualidades próprias. São qualidades do corpo glorioso: a agilidade (mover-se para todos os campos), ter impassibilidade (não estar sujeito à dor, doenças, etc.), ter subtileza (penetrar aonde queira) e ter claridade (fulgor, o esplendor da alma contagia o corpo).
Pela
agilidade, em virtude da qual o corpo glorioso pode-se transladar com a
velocidade do pensamento para onde queira, Maria Santíssima subiu ao céu por
sua própria agilidade, sem necessidade de nenhum auxílio. Iam com Ela os Anjos
da corte celeste, fazendo-Lhe guarda de honra, pois de ajuda não necessitava.
Em Maria
Santíssima está a plenitude de graças e de perfeições possíveis a uma mera
criatura. Segundo a bela expressão de Santo Antonino, "Deus reuniu todas
as águas e chamou-as mar, reuniu todas as suas graças e chamou-as Maria".
Desde toda a eternidade, o decreto divino estabelecia o singularíssimo
privilégio de ser a Virgem Santíssima concebida livre da mancha original.
Privilégio este próprio Àquela que geraria em seu seio o próprio Deus.
Essa morte de
Maria, suave e bendita como um lindo entardecer, a Igreja designa pelo
sugestivo nome de "dormição", para significar que seu corpo não
sofreu a corrupção.
A Santíssima Virgem morreu de amor! São Francisco de Sales assim descreve esse sublime acontecimento:
"Quão
ativo e poderoso (...) é o amor divino! Nada de estranho se vos digo que Nossa
Senhora dele morreu, pois, levando sempre em seu coração as chagas do Filho,
padecia- as sem consumir-se, mas finalmente morreu pelo ímpeto da dor. Sofria
sem morrer, porém, por fim, morreu sem sofrer.
"Oh,
paixão de amor!
O dogma
A verdade
desta glorificação única e completa da Santíssima Virgem foi definida
solenemente como dogma de Fé pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950,
com estas belas palavras:
"Depois
de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, pronunciamos, declaramos e
definimos que: A Imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o
curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".
É comum haver
certa confusão de conceitos a respeito da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo
e da Assunção de Nossa Senhora. O famoso teólogo Fr. Antonio Royo Marin elucida
a questão:
Não é exata,
portanto, a distinção que estabelecem alguns entre a Ascensão do Senhor e a
Assunção de Maria, como se a primeira se distinguisse da segunda pelo fato de
ter sido feita por sua própria virtude ou poder, enquanto a Assunção de Maria
necessitava do concurso ou ajuda dos Anjos. Não é isso. A diferença está em que
Cristo teria podido ascender ao Céu por seu próprio poder ainda antes de sua
morte e gloriosa ressurreição, enquanto que Maria não poderia fazê-lo - salvo
um milagre - antes de sua própria ressurreição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário